Escrito por Fred Steffen inspirado no encontro com ZéCelso no Sirio Libanês
21/01/2010
3:05 da manhã
De poeta para Poeta com todo Amor e Amores...
Sou o amor colocado em grãos...
A ferro e fogo sou eu e você
e no fim damos as mãos...
Dia fervente no ar
Uma cabeça solta vagar
que constrói sem limites
sem chão, os pés viram palpites
Estrela de ouro venha pintar
meus passos são lentos
pra poder poetizar...
as vezes pensa como repente
as vezes pensa transcendente
fazer de tudo para não agonizar
não vaporizar
o que a vida te deu
seu cantar, amar, poeta, mais que humano...
a medida de um ser estranho
só pra mostrar que agente é...
sem caprichos custo a vagar...
como surfar no mar...
uma onda em series vai te tornar
um grande, um grande...
mesmo que não ande...
natureza pariu em mente
o que não sabia da gente
os castelos são nossos
mas tomaram... e fizeram de corpos ossos...
não quero estar nem ai
já nasci nesse mundo e daí
a estrela vem de qualquer jeito
cada um tem seu leito
é só mamar o que tem
fazer da mente alem
que ser sábio é não ser sábio... Amem....
filosofar é se comunicar com o que se distrai...
o que vê não é
o que se vê não é
mas o que sente... pé...
das torturas e alegrias
alegrias são torturas
de aproveitar as águas escuras
o poeta nas águas límpidas e nuas...
só quer beijar!
E limpar até amar...
todas as fronteiras
e sair delas inteiras
seja lá o que for inteiras
mas o amor estar na beira?
É bem capaz de nada aqui encontrar
sou só eu e você no mundo abordar
que perfeito não tem...
o mais valioso que atrozmente
nas ruas vem lentamente
um intestino, é!
Intestino só, é!
Quando estamos de bem com a vida
nas nossas paginas lidas e rescritas
de viver o sabor
de transcender a dor
de ser um coitado carente?
Carente não tem vez
pobre coitado não tem nudez
poeticamente o amor não é carente e vai-dez
amar não é patologia...
é sabedoria dos verbos amar...
prematuro as agonias
de pensar que paixão é amar...
e a cavalaria grita!!!
se não fosse a paixão eu não amaria
rezando mil aves Marias...
de ser o sou
de estar onde estou
apenas quero ver-te
de um modo azeite
extra virgem como se fosse a primeira vez...
dum orgasmo que só dez, vez .
não me deixa esquecer que tem o mundo
colocar nas entranhas
nas minhas perdidas e ganhas
obras de amor...
um resgate de anos...
são assim os nossos anus
de fhoder recomeçar
agora é só o mar de Rimbaud
suas poesias sem dor
chegam leve grande ardor
de ser um espetáculo
em qualquer momento do oráculo
pois esta escrito em algum lugar
os poetas vão se encontrar
pra toda eternidade se contempla
nosso coração esquenta...
por falar de amor...
amor,amor,amor,amor,amor,amor....
quem fala aqui também é o meu Rimbaud
feito de falhas
feito de palhas
costura nas malhas
um recorte de sabor...
sabor das nuvens geral
o meu doce canibal
não tem nada de normal
nossa pele é poesia vagabunda...
cultuamos o tabu da bunda...
meu amor não censura
minhas ilhas numa postura
de ser quem sou
de deitar do lado e amar de frente
olho no olho e ser poeticamente
um ser que quer amar...
diga!!!
A poesia não morreu
e nunca morrera
pois se existe em qualquer ser humano
não tem nenhum engano
a poesia estar viva
em qualquer ser que respira
vamos regar, regar...
rasgar suas couraças
o coração agora tripas de amor.
Nesse momento sou velado
10 mil velas por nós
imaginário vira arte desata nós
esse ano, ano que vem, não importa
eu ou você bateremos na mesma porta.
Amor... Amor... Amor...Amor... Amor... Amor...Amor.
Fred...
Um comentário:
LINDO FRED!!!!
_ sem palavras para escrever diante da sua sensibilidade, diante de tanto amor e fidelidade, PREFERI COLOCAR CLARICE para falar no meu lugar(não teria melhor) .
mil beijos Fredão (eu te amo)
...
Medo da Eternidade - Clarice Lispector
Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade.
Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas.
Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:
- Como não acaba? - Parei um instante na rua, perplexa.
- Não acaba nunca, e pronto.
- Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual já começara a me dar conta.
- Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.
- E agora que é que eu faço? - Perguntei para não errar no ritual que certamente deveira haver.
- Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários.
- Perder a eternidade? Nunca.
O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola.
- Acabou-se o docinho. E agora?
- Agora mastigue para sempre.
Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da idéia de eternidade ou de infinito.
Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar.
Até que não suportei mais, e, atrevessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.
- Olha só o que me aconteceu! - Disse eu em fingidos espanto e tristeza. - Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!
- Já lhe disse - repetiu minha irmã - que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá.
Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra na boca por acaso.
Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.
22 de janeiro de 2010 11:33
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